por Alexandre Fialho [1]
Por que e como as empresas devem se preparar para a substituição do seu “número um”.
Sucessão é um tema que sempre traz à tona a grande fragilidade estratégica, estrutural e de sustentabilidade que permeia, em maior ou menor grau, a maioria das organizações. Quando se trata da mudança de um presidente executivo, essas questões se agravam ainda mais.
O ponto principal não recai no fato de a empresa ter de buscar o sucessor fora de seu pipeline de talentos, até porque muitas vezes isso pode ser estratégico, conforme veremos adiante. Mas sim pelo fato de não estar preparada para o momento — por isso, quando ele chega, pega muitas companhias desprevenidas, causando enormes problemas tanto para o negócio quanto para as demais lideranças.
O assunto é ainda mais delicado e preocupante no Brasil, pelo menos por três razões. Em primeiro lugar: como consequência de nosso crescimento econômico, a demanda por líderes, incluindo os presidentes de empresas, está cada dia maior, provocando um desequilíbrio entre a oferta e a demanda, o que exige uma aceleração na preparação de futuros líderes. Em seguida, há um fator qualitativo, porém não menos importante, relacionado ao aumento da complexidade e de escopo de atuação das empresas locais, bem como das multinacionais instaladas aqui. Este fenômeno atua como um catalisador para aquele desequilíbrio entre oferta e demanda. Finalmente, as empresas nacionais estão competindo interna e/ou externamente cada vez com mais veemência, seja por meio de internacionalização ou em processos de fusões e aquisições. Estas companhias estabelecem um novo paradigma, que é de adquirente, e as que não se internacionalizam, no mínimo precisam se defender em seu próprio mercado de maneira competitiva.
Enfim, vivemos um cenário de mudanças estratégicas, de inovação e de reposicionamento efervescente para as empresas nacionais. Assim, a substituição do presidente se torna mais importante pela demanda de uma liderança familiarizada com o novo contexto. O quadro ainda pode se agravar se não houver talentos internos, pois neste caso a busca pelo “número um” terá de ser feita no mercado. Contudo, a complexidade do processo de escolha não se restringe apenas às empresas nacionais. As corporações multinacionais que atuam no País também se deparam com uma grande mudança de perfil necessário para a condução de seus negócios no Brasil. Hoje, aquele presidente cuja função prática é focada apenas na “entrega”, na parte operacional, não consegue mais competir em cenário de crescimento e mudanças. As empresas precisam urgentemente de um líder local que esteja alinhado com a matriz, mas sem as amarras corporativas.
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Artigo gentilmente cedido pela Revista Harvard Business Review Brasil (www.hbrbr.com.br).
[1] Alexandre Fialho é presidente da área de Leadership & Talent Consulting da Korn/Ferry International para América Latina.
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