Quando imaginamos todos os desafios que
a realidade atual apresenta, fica bastante claro que é na atuação profissional
da Geração Y que está a maior
preocupação. Por isso o assunto é muito debatido hoje, principalmente por
gestores nas empresas, que têm a missão de receber os jovens profissionais, com
suas características, limitações e qualidades.
Contudo, a primeira impressão que temos
é a de que as gerações estão vivendo um tempo de ruptura total, em que os mais
velhos não entendem os jovens, que, por sua vez, os consideram
absolutamente lentos e desconectados da realidade atual. O aumento da
expectativa de vida contribui para a intensidade nos conflitos, pois existem
mais gerações lutando por um lugar no mundo.
Os jovens da Geração Y são mais pragmáticos e não se apegam aos valores que
serviram de referência para a criação da realidade atual. Estão sempre buscando
desafios e esperam receber feedback
com muita rapidez. Surpreendem líderes ao ignorar os padrões conhecidos,
principalmente quando apresentam um bom desempenho no estudo, no trabalho ou em
todo seu estilo de vida, enquanto escutam músicas e navegam em redes sociais.
Investigar com novas abordagens toda a
complexidade que o novo cenário nos traz é essencial neste momento, pois podem
resultar em importantes avanços e inegável sucesso na identificação dos fatores
de motivação do jovem, principalmente no campo profissional. Isso significa que
será prioritário inovar os conceitos de liderança e o caminho é a mentoria.
Atualmente, o resgate dos princípios de
mentoria demandam programas de formação específicos, realinhando conceitos como
coaching e mentoring que, de certo modo, se misturaram diante da busca por uma
atuação mais adequada das lideranças.
Mentoria deve ser considerada o grande
legado que o verdadeiro líder deixa após sua passagem como gestor de uma equipe
de trabalho. Quando bem implementada, representa a continuidade por meio da
sucessão e formação dos potenciais. O objetivo deve ser sempre o
desenvolvimento de modelos que supram as necessidades crescentes de formação de
novos talentos.
Em um mundo onde as transformações
alcançam conceitos exponenciais, a competitividade se transforma em
posicionamento estratégico e os relacionamentos estabelecem diferenciais
competitivos definitivos. Pais, gestores e educadores precisam adotar um novo
posicionamento, muito mais alinhado com os conceitos atribuídos hoje aos jovens
da Geração Y, que representam a maior
fatia do mercado consumidor e de profissionais na próxima década.
Definitivamente, o cenário mudou e as
prioridades devem ser realinhadas para que se alcancem novas soluções. O grande
problema que advém com a chegada dos jovens no mercado de trabalho é a falta de
experiência. A situação já deixou de ser apenas uma circunstância passageira
para se transformar em um fenômeno corporativo e, como tal, merece atenção
intensa dos gestores nas empresas. Duas questões estão sempre presentes neste
momento:
–
Porque os jovens se afastam do emprego ao primeiro obstáculo realmente
relevante?
–
Porque os jovens de hoje não se engajam nas oportunidades de trabalho?
Primeiramente, é necessário entender
que nem todo jovem da Geração Y é um
fenômeno, tampouco deve ser considerado um gênio. Se levarmos em conta apenas o
aspecto de formação acadêmica, veremos que ainda é grande o número de jovens
que não conseguem ultrapassar a formação no ensino médio. O impacto dessa
situação só é ligeiramente reduzido porque o contexto atual proporciona a esses
jovens maior acesso a informação e até mesmo à formação técnica, seja
presencial ou virtual. Portanto, é necessário um novo alinhamento de
expectativas sobre as capacidades dos jovens, principalmente porque essa
geração chega ao mercado de trabalho muito mais tarde que as gerações
anteriores.
Entretanto, o questionamento tem
sentido se considerarmos que esta é, sem dúvida, a geração com o maior número
de jovens preparando-se para o mundo corporativo. Os jovens da Geração Y concorrem a diversas posições,
desde as mais operacionais até as disputadas vagas nos programas de trainees, em que é esperada a melhor e
mais completa formação acadêmica. O empenho para alcançar as melhores vagas é
visível e a ambição dos jovens profissionais é uma característica considerada
positiva pela maioria dos recrutadores.
Com este cenário, era de se esperar
muitos jovens profissionais excepcionais, alinhados aos valores de suas
empresas e com suas estratégias de carreira definidas, mas não é o que ocorre.
Isso leva a mais uma questão:
·–
Afinal, porque eles parecem não se comprometer com o trabalho?
Certamente, o fator de maior impacto
para a falta de comprometimento e engajamento do jovem é a pressão por
resultados sem falhas. É certo que os resultados são indispensáveis para
qualquer empresa e merecem todo foco de seus profissionais; contudo, a
incansável busca pela produtividade retirou a possibilidade de falhas da
equação e passou a considerá-las absolutamente danosas para as empresas.
Os jovens de hoje estão cada vez mais
“famintos” por desafios que os levem a alcançar experiências, mas para isso
precisam falhar. Somente assim alcançarão a experiência que leva ao engajamento
e ao comprometimento com a própria trajetória profissional. Por isso, o novo
papel dos mais veteranos não é mais o de esperar que a Geração Y seja um sucesso sem fracassos, mas de ajudá-los a
desenvolver o aprendizado que as falhas proporcionam para o crescimento de
todos nós.
Sidnei Oliveira é Consultor, Autor e Palestrante, expert em Conflitos de Gerações, Geração Y e Z, desenvolvimento de Jovens Talentos e Redes Sociais, tendo desenvolvido soluções em programas educacionais e comportamentais para mais de 35 mil profissionais em empresas como Vale do Rio Doce, Petrobras, Gerdau,Santander, TAM, Unimed entre outras.
Formado em Marketing e Administração de Empresas, autor de vários livros sobre Liderança e Administração. É sócio-fundador da Kantu Educação Executiva, Vice-presidente do Instituto Atlantis de preservação ambiental e membro do conselho de administração da Creditem Cartões de Crédito e do Fórum de Líderes Empresariais.
É também colunista com artigos publicados nos portais Exame.com, Catho Online, Click Carreira e Café Brasil.
http://www.sidneioliveira.com.br/samba/
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