Congresso 2015

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terça-feira, 24 de março de 2015

Uma nova gestão está no prelo

Repensando os Concursos Públicos no Brasil, do professor Fernando Coelho, da Escola de Ciências e Humanidades da USP, será um dos capítulos de Uma Nova Gestão é Possível, o livro sobre gestão de pessoas que a UCRH e a Fundap estão preparando para lançar neste ano. 
O Papeando conseguiu saber um pouco do que será publicado:

A burocracia weberiana clássica está exaurida?
FC – O modelo weberiano, quando mal utilizado, provoca disfunções. Os concursos públicos pouco mudaram no Brasil desde os anos 50. O modelo de prova é baseado na qualificação, no domínio do conhecimento pelo candidato, e não na mobilização, na capacidade de esse mesmo candidato fazer o que sabe. É preciso reduzir as disfunções da burocracia weberiana, sem eliminá-la totalmente, pois ela tem suas razões para existir.

Mudar as provas é o suficiente?
FC – Não. É preciso reformar as provas de admissão e a porta de entrada também. Com cursos de formação inicial acoplados aos concursos, seria possível identificar e corrigir as necessidades de formação e as habilidades profissionais de cada turma. A participação de mentores experientes acoplada à realização de projetos aceleraria a transmissão de conhecimento entre as gerações.

Os gestores públicos podem fazer tudo isso sozinhos?
FC – Certamente não. No plano político, seria necessário articular melhor os papeis do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Há uma judicialização excessiva dos concursos. Os concursos são anulados a partir de argumentos muito singelos. É preciso calibrar melhor a compreensão entre o Executivo e o Judiciário a esse respeito. É possível mudar sem desrespeitar a legislação que está aí, adotando formas de concursos intermediárias e mais bem elaboradas. Há muita correria, tudo é feito às pressas. Concurso bom é aquele em que não há recursos.

E o Legislativo, não pode fazer nada?
FC – As leis não precisam necessariamente ser alteradas. É claro que sempre podem ser aperfeiçoadas. O que falta é maior compreensão tanto de quem faz quanto de quem julga. O Legislativo sofre pressões muito fortes das corporações de ofícios.

Como mudar, então?
FC – Fazendo um amplo debate não só sobre os concursos, mas sobre todas as políticas de gestão pública: finanças, materiais, compras, todo o conjunto de atividades. O RH tornou-se disfuncional sem uma sintonia com as reais necessidades do Estado.

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Publicado originalmente no e-zine 43 - Papeando 8.

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